SEREIAS
DO CAMPO
Corpos
femininos que ondeiam e serpenteiam entre os ramos de trigo sob o sol ou chuva
nada impede o movimento do trabalho árduo que corre e escorre entre essas mãos
miúdas e fortes.
Mulheres
de tempos e idades diferentes, mas unidas num só tempo o do trabalho.
Mulheres
de formas, tamanhos e sonhos que anseiam por vida num multiplicar de novas
vidas para mais trabalho. Essas são sereias da terra que cantam desde o
alvorecer suas alegrias e tristezas que misturadas ao sangue que corta com o
fio do facão os caules, cortam também os devaneios que poderiam tirá-las desse
tempo ‘lento’. Seus movimentos languidos alcançam a rigidez dos dias.
Descalças
e suadas projetam seus olhares no horizonte na tentativa de visualizar pássaros
que podem levar seus mais íntimos desejos aos céus. Nessa força de trabalho,
unidas no universo feminino se tornam fortes e livres, pois construíram um
mundo especial.
O canto
diário dessas mulheres Sereias da Terra, dissipa o peso dos feixes de trigo
colocados em suas costas e carregados por longa distância , minimizam a dor de
seus machucados . Ficam num transe!
O
trabalho da mulher marca em diferentes culturas uma presença importante, pois
sua docilidade é a ferramenta poderosa para as transformações mais profundas já
registradas na história do trabalho.
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