sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Habito nos elementos, matéria, energia tudo em espiral crescente.

Sou terra. Só o calor do Sahara, a elasticidade do tempo no deserto preenche meu coração.

O som da flauta se confunde com o sussurrar do vento que perpassa as areias, em caminhos moventes. Olhares se dirigem ao ouro do sol e cobiçam o chão quase rubro

Grãos da infinitude de mim , multiplicidades do ser que se espalham, perdem-se e se reúnem em algum lugar, aqui mesmo pode ser no estar além e é sempre o aqui ‘agora’.

Tempestade de areia move, remove, desloca incessantemente camadas petrificadas de silte. Não há como manter segredos, o mistério se faz aberto, se mostra, mas quem o pode ver. Poucos!

Flores de areia existem. As formas de contornos rígidos que se desfazem ao leve toque de uma brisa e assim é o pensamento liberto que voa e habita no que ainda não é , mas sendo. A certeza de que tudo se desfaz nos dá o dom da criação. Criando nos eternizamos nesse fluxo e defluxos como o universo do deserto de areia.

Desfaço-me líquida, fluindo possuindo, fontes e praias onde o mar ondeia. Assim é estar só e ao mesmo tempo na multidão de formas abissais em mim.

Voar, vagar, livre ser, translúcidas e tênues asas de sonhos, batem velozes em direção ao firmamento, rasgam a rota da fantasia. Ser borboleta, ave. Importa é que tudo posso , tudo quero, preciso e aceito. Meu vôo não é frágil é certeiro. A vida nunca está contida, ela escorre descompromissada na minha ampulheta.

Transito do ar ao fogo, elementos voláteis que dão passagem ao calor que queima sem consumir, transmutam e desnudam os véus de Ísis em direção ao inferno e projeta aos céus, sentimentos clareados.

As quatro estações, os quatro elementos em equilíbrio, assim me manifestam no Mundo.

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